Defensor (URU) mostra que nada é por acaso no futebol.
Muitos estão surpresos com os 4 times que chegaram às
semi-finais da Libertadores desse ano. Há tempos eu defendo que a imprensa
brasileira subestima a força dos times sulamericanos, acreditam que só porque
mais dinheiro rola no futebol brasileiro, nossos times são muito mais fortes do
que todo o resto. Mas quem acompanha Libertadores sabe que não é, e nunca foi
fácil ganhar de times chilenos, uruguaios, argentinos e colombianos. Ainda mais
em se tratando dos atuais campeões de seus países.
A verdade é que o campeonato uruguaio talvez seja o mais
sucateado da América Latina. Enquanto todos os outros cresceram, tem grandes
patrocinadores, times com grandes estádios e torcidas, o futebol uruguaio
parece ter parado no tempo e na tradição de Nacional e Peñarol. Times que, por
sua camisa, vez ou outra dão trabalho, como o Peñarol em 2012, mas ainda assim,
é muito pouco para um país com tanta tradição no futebol.
O Defensor surgiu na contra-mão do que vem acontecendo no
futebol celeste. Há tempos o time disputa a Libertadores, e para quem acompanha
o futebol sulamericano, não é surpresa vê-los com um time tão competitivo e
chegando tão longe. Em 2012 foi disputada a Libertadores sub-20, e o Defensor
foi finalista, perdeu a final para o River Plate da Argentina. Diferente dos
outros times que tem muita dificuldade em aproveitar gerações vencedores da
base, o Defensor conseguiu manter as jóias desse time, e hoje elas formam
grande parte do elenco que vai disputar a inédita semi-final da Libertadores
2014. Vale lembrar que o Uruguai foi vice-campeão do mundial sub-20, também em 2012.
Daquele time, muitos jogadores são importantes para o atual desempenho do time, como os zagueiros Matias Malvino e Federico Gino, o meio campista Leonardo Pais, o atacante Gabriel Fernandez e aquele jogador que tem feito a diferença: Giorgian de Arrascaeta, que já tem sido sondado por grandes clubes do mundo todo. O campeão River Plate está fora da Libertadores desse ano, mas fez uma bela campanha no campeonato argentino e deve vir como um dos favoritos para a Libertadores 2015.
O Defensor está longe de ser um time com grande torcida no
Uruguai, mas diferente dos dois times mais populares do país, consegue agir com
menos emoção e mais com a razão. É óbvio que raça, tradição e emoção são importantíssimos,
principalmente quando falamos de Libertadores, mas um jogo não começa a ser
ganho dentro do campo, e sim com planejamento e trabalho sério. Conseguir
manter um grupo vencedor por 2 anos, com paciência e planejamento, está
trazendo os frutos para um clube que veio para se tornar um grande América do Sul.
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